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16 Out 2023

SÍNTESE DO EVENTO NACIONAL – CAPACITAÇÃO DIGITAL DAS ESCOLAS: (RE)CONFIGURAR ESPAÇOS DE APRENDIZAGEM

No passado dia 11 de outubro as direções dos Agrupamentos de Escolas (AEs) e Escolas não Agrupadas associadas ao CFAE Centro-Oeste, a direção do CFAE Centro-Oeste e a Embaixadora Digital estiverem presentes no Evento Nacional Capacitação Digital das Escolas: (Re)Configurar Espaços de Aprendizagem que decorreu no Centro Nacional de Exposições de Santarém.

Segue-se uma síntese de algumas das comunicações do dia, entre oradores principais e sessões paralelas a que pudemos assistir.

Tal como anunciado, o programa foi rico em comunicações e partilhas de diferentes AEs. Dos clubes de programação robótica, nomeadamente do AE Raúl Proença, a vários expositores, foi possível ter uma ideia do que, um pouco por todo o país, se tem feito, tendo por base a capacitação digital das escolas e a aplicação de competências digitais docentes e discentes.

Diana Bannister abriu as comunicações dos oradores convidados falando sobre 9 passos para as lideranças transformarem espaços de aprendizagem. Esta comunicação seria bem complementada no período da tarde com a comunicação do Professor Doutor João Filipe Matos, “Transição Digital na Educação: espaços, tempos e fatores de sustentabilidade”.

Sustentados em linhas orientadoras da OCDE para a inovação educacional e da educação para a inovação (2016), para ambientes inovadores de aprendizagem inovadores (2017) e para a exploração e adaptação de espaços de aprendizagem nas escolas, os dois oradores abordaram: as diferenças entre os processos de ensinar e aprender, ressalvando que um não conduz, necessariamente, ao outro; a centralidade dos alunos no processo educacional; a importância de pedagogias ativas adequadas aos aprendentes atuais e às necessidades do século XXI.

Diana Bannister referiu ainda a importância da formação e do desenvolvimento profissional, a propósito da reconfiguração dos espaços de aprendizagem e das pedagogias adequadas. Por seu turno, a partir do primado da aprendizagem, João Filipe Matos salientou que a inovação em educação corresponde à criação de valor pedagógico. Já no que se refere à reconfiguração dos espaços de aprendizagem, o orador mencionou a flexibilidade desses espaços articulada com a flexibilidade curricular e a flexibilidade nos percursos de aprendizagem. Acrescentou que a intencionalidade e a modularidade devem estar inerentes à organização esses espaços de aprendizagem, os quais não devem ser espaços de exceção na escola, mas sim espaços que fomentem a sua utilização regular.

Durante as sessões paralelas da manhã, André Rocha apresentou os Fablabs em Contexto Educativo, demonstrando “o potencial da disponibilização de ferramentas de fabricação digital em contexto de ensino baseado em projeto e em diferentes níveis e contextos no ensino superior.” Como exemplo, falou do Fablab Benfica, “um espaço de fabricação digital, que suporta atividades letivas e de investigação dentro da ESELx”.

No período da tarde, María Acaso apresentou várias possibilidades de reconfiguração dos espaços de aprendizagem relacionadas com o conceito de pedagogias invisíveis. Contrariando a verticalidade da disposição tradicional de mesas, cadeiras e outro mobiliário escola, fomentam a aprendizagem ou aprendizagens diversificadas, consoante as atividades e os aprendentes.

Com o tema da “IA Generativa na Educação: A Era dos Ambientes Híbridos de Cognição”, Marco Neves abordou o impacto da inteligência artificial em educação tendo em conta três pilares fundamentais: desafios, oportunidades e preocupações. Alertando para o facto de a IA estar a assumir domínio em campos anteriormente exclusivos do Homem, considerou que a IA atual será a pior versão que temos dela e que, a curto prazo, a IA irá evoluir rapidamente, à semelhança do que aconteceu nos últimos meses. Vivendo nós num mundo hiperdigitalizado, importa preparar alunos e professores para o potencial generativo e pedagógico da IA, pelo que Marco Neves referiu a necessidade de literacia em IA e de integração pedagógica da IA.

Margarida Cordo trouxe-nos uma interessantíssima comunicação sobre Segurança dos Jovens no Digital em Tempo de Transição. Esta oradora também alertou para a necessidade de os pais e encarregados de educação precisarem aumentar a sua literacia digital. Embora 95% das crianças com mais de 10 anos em Portugal tenham telemóvel, referiu, usam-no para aceder a música, vídeos, redes sociais e comunicar com amigos. Cordo alertou para a atenção passiva e automática que este tipo de dispositivos estimula nos jovens desde cedo. Referiu também que, usados livre e permanentemente, promovem a gratificação imediata e não ajudam as crianças a saber lidar com a frustração. Segundo Margarida Cordo a utilização indiscriminada de telemóveis sempre e para tudo corresponde a muita informação, mas pouco conhecimento, e a mais troca de palavras escritas do que ditas.

Por tudo isto, Margarida Cordo considerou que os pais devem estar envolvidos nas decisões sobre o uso de telemóveis por parte das escolas, para que os professores não trabalhem em contra-corrente. Em suma, apelou a um equilíbrio entre a satisfação imediata e o sucesso, o qual, muitas vezes, pressupõe momentos frustração e falhanço. No entender desta oradora, para se viver num mundo digital, não se podem ensinar apenas competências digitais; é necessário ensinar para a resiliência, ter uma relação saudável com o tempo, conviver ao ar livre e conviver em presença.

Quase a terminar o dia de comunicações, Pedro Santa Clara trouxe-nos o tema Tecnologia para uma Melhor Pedagogia. Referiu a importância da autoconfiança nos alunos e os jogos como exemplos de conteúdos muito motivadores e envolventes, por vezes altamente complexos, que os jovens conseguem dominar. Alertou para o facto de as startups de tecnologia educacional (os novos players emergentes no campo educativo) terem triplicado só em 2023 e para o risco de em breve surgirem formas de aprender muito mais atrativas do que a escola, mais sociais e mais tecnológicas. A concluir a sua intervenção, considerou que qualidade corresponde a competição, a poder falhar e ter sucesso, a experimentar e mudar, aspetos que contrapôs à “máquina burocrática gigantesca que gere e define a educação”.

Texto: Embaixadora Digital CFAE Centro-Oeste, Ana Margarida Fonseca