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Atletismo: Arneirense de “casa às costas” tem grande arranque de temporada
Títulos nacionais e chamadas às seleções nos primeiros meses do ano
O ano de 2023 está a começar de forma auspiciosa para o Arneirense, que apesar de ter ficado privado da pista de atletismo do Complexo Desportivo Municipal, continua a ter atletas a somar grandes resultados.
Este ano Marta Carriço já conquistou um título nacional, no pentatlo, e duas medalhas de prata nos nacionais de pista coberta, o que culminou com a primeira chamada para representar Portugal em provas internacionais. Também Beatriz Castelhano continua em altas e teve já uma segunda chamada à seleção nacional, para participar no DNA Indoors de Sub-20, uma prova inovadora que vai ter lugar em Espanha.
As duas atletas são parte de uma nova geração de ouro do atletismo do Arneirense, que conta ainda com Sofia Quintino e Inês Belbute, também Sub-20, atletas que têm demonstrado potencial para lutar por medalhas nacionais.
Isto acontece apesar de o clube estar, este ano, a trabalhar com a casa às costas, uma vez que não foi possível concluir a colocação do novo piso de tartan na pista do Complexo Desportivo Municipal das Caldas da Rainha em tempo útil.
A alternativa para o clube caldense foi treinar no seu próprio pavilhão, com as camadas mais jovens. Mas para os atletas de competição foi preciso arranjar outra solução, encontrada no concelho vizinho. “A Câmara das Caldas ajudou-nos e fez contactos com a Câmara de Óbidos para podermos treinar no Complexo Desportivo, e ambas têm sido fantásticas connosco, para que não nos falte nada”, refere Carlos Matos, coordenador técnico do Arneirense.
Mesmo assim, as condições não são ideais. O Estádio Municipal de Óbidos tem apenas quatro projetores na zona da bancada central, o que faz com que os treinos, pelo menos nesta fase do Inverno, sejam feitos a meia luz. O que se soma à dificuldade logística de transportar atletas e material de treino, quase todos os dias da semana.
As condicionantes são vistas como “um mal necessário” pelos técnicos do clube, um sacrifício para “termos uma casa nova e melhores condições para continuarmos o nosso projeto”, realça Carlos Matos.
O clube tem cerca de 50 atletas, todos dos escalões de formação, e esse é o caminho que o Arneirense quer continuar a trilhar. E a nova pista abre novos horizontes. O estado de degradação, quer da pista, quer do material que a equipava, já não permitia trabalhar algumas modalidades, como o salto em altura, ou o salto com vara, que poderão ser retomadas num futuro próximo. “Até temos mais treinadores, a pensar num crescente número de atletas e também para manter a qualidade”, realça o técnico.
Se o clube continua a trabalhar bem a base, é importante que haja referências que projetem objetivos a quem começa. E essas estão bem definidas. Marta Carriço, de 15 anos, já leva 7 anos no clube. Começou no atletismo depois de ter passado pela patinagem. “Estava sempre a cair e, por isso, não podia correr na escola, o que, lá no fundo, era a minha paixão”, conta. Foi o pai que lhe sugeriu o atletismo. “Nunca esperei ter gostado tanto, nem chegar onde estou”, refere com o orgulho de quem concretizou um sonho de uma primeira chamada para representar Portugal. Mas a ambição a curto prazo não fica por aqui. “Quero chegar aos 6m no salto em comprimento, acho que consigo”, diz, e quer, ainda este ano, ir aos Europeus da Juventude.
A jovem atleta tem, também ela, uma referência no clube: Sofia Quintino, de 17 anos, que compete no mesmo tipo de provas. O atletismo esteve-lhe sempre no sangue. “Sempre gostei muito de ver os Jogos Olímpicos, tinha o sonho de correr tão rápido como aqueles atletas”, conta. Começou na dança, mas descobriu apetências no desporto escolar, pela mão do professor Jorge Favas e hoje sente-se “verdadeiramente feliz” na modalidade.
História idêntica tem Beatriz Castelhano. “Comecei no desporto escolar, adorava educação física e comecei a fazer os corta matos, logo no primeiro fiz top 6 regional”, conta. “Nuns testes físicos, bati o recorde da escola”, o que chamou a atenção de uma amiga, que representava o Arneirense. Daí à seleção, foi um passo. Esta segunda chamada deixou-a “feliz”… e a desejar por mais.
Da mesma geração Inês Belbute, que este ano já se sagrou campeã distrital de corta mato, mas que tem na marcha atlética a especialidade. Experimentou o atletismo por influência de amigas. “Não esperava mesmo alguns resultados que tive”, mas esses já a levaram também à seleção. Para este ano, está a apontar aos nacionais e já tem marca para participar nos 10 km.
Fonte : Gazeta das Caldas